terça-feira, 24 de junho de 2014

Amores Possíveis


Mais um dos antigos que vale a postagem:

(30 de outubro de 2013)

Ontem li uma frase, em um dos milhares de posts diários, onde estava escrito “relacionamento não é verão o tempo inteiro, mas duas pessoas podem compartilhar um guarda-chuva e sobreviver à tempestade”. Fiquei pensando nisso e inevitavelmente, acabei escrevendo algo que divido com vocês.


Amores Possíveis



Fico encantada com a imensidão de frases sobre compreensão, companheirismo, solidariedade, amizade, amor, compromisso, etc., que vejo proliferando diariamente nas redes sociais.


Desculpem minha incredulidade no ser humano, mas ando um tanto sem paciência para demagogias emocionais. Ora, dar um click, compartilhar ou curtir sentimentos é muito fácil! Creio que as pessoas hoje em dia deveriam realizar uma séria autoanálise. Isso mesmo, “auto”, não vale ficar espiando o amigo de faceboock ou do twitter.


Falar de sentimentos é fácil (para alguns), mas viver é tão difícil! No mundo virtual somos amáveis e compreensivos, mas no mundo real, onde as coisas realmente importam, ou deveriam importar, não estamos nem ai para o sentimento alheio.


Queremos amores e relacionamentos. Mas, só se for com pessoas perfeitas; perfeitas máquinas saídas diretamente das nossas redes sociais. Sim, porque não aceitamos defeitos. Hoje em dia ao primeiro sinal de fraqueza, neura, insegurança ou medo .... “delete” no que poderia ser uma bela chance de aproximação com alguém que realmente valeria a pena. Agimos como se nós não tivéssemos nossos defeitos, como se fossemos perfeitos, sem medos e sem máscaras.


Sinto informar-lhes que pessoas são assim, perfeitas em suas imperfeições. Uma pessoa pode ser desencanada, divertida, inteligente, parceira e blá, blá. blá... Mas não o tempo inteiro! Então não se iludam, estejam dispostos a conhecer o pior lado daquela pessoa que você achou interessante. E agradeçam se ela conseguir mostrar isso o quanto antes, assim, fica mais fácil entender que finalmente você tem alguém real ao seu lado, invista em paciência, tempo e dedique-se a descobrir como é estar com uma pessoa com passado, marcas, sonhos e muitas possibilidades, não mais um programa criado para receber “liks” do “target” .....


Sejam humanos, sintam as dores do mundo e sejam felizes ...

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Para não dizer que não falei de solidão.

"Jamais saberemos o verdadeiro significado da solidão se não sentarmos à mesa com todos os nossos fantasmas. Tristezas, frustrações, rejeições emocionais, decepções, saudades inevitáveis, ausências impostas, derrotas, raivas, medos, enfim, todos devem estar ali, olhando no fundo dos nossos olhos.
Geralmente não escolhemos quando, onde ou mesmo como esse momento vai acontecer. Nem mesmo sabemos se ele vai ocorrer. Há quem passe uma vida sem saber o que é solidão real, há quem tenha breves encontros com ela e há quem a tenha como eterna companhia. Isso nos é imposto pela vida, fruto de nossos atos e escolhas, mas não necessariamente uma tragédia a ser, por nós, enfrentada com resignação, medo ou mesmo ganas de superação.
Minha solidão veio me fazer companhia. Não é a primeira vez que ela bate  em minha porta para me fazer uma visita, acompanhada de todos os meus fantasmas.
Dessa vez eles decidiram não sentar-se à mesa. Eles resolveram passear pela casa, dormir na mesma cama, invadir o banheiro enquanto eu tomo banho, olhar nos meus olhos pelo espelho enquanto escovo os dentes. Até preparam as refeições junto comigo e de vez em quando, recebem meus sonhos e pequenas felicidades para uma festinha privada.
Confuso não?! Tem dias que é mais complicado administrar as emoções a mim impostas por estes desordeiros, existem instantes em que chego a pensar em desistir e deixar a casa para eles. Sento em um canto qualquer e fico observando o que eles fazem, seus movimentos, o sorriso de satisfação quando acham uma recordação escondida ou quando conseguem importunar aquela pequena felicidade que veio me ver.
Não sei ainda quando a solidão pretende ir embora levando meus fantasmas consigo, ao certo, não sei nem se ela pretende fazê-lo. Nessas horas o medo sorri para mim. Não gosto dele, ele anda crescendo, alimentando a frustração e a decepção, elas são muito volúveis e isso me deixa nervosa.
Nesse ritmo, com eles ocupando muito espaço na casa, recolho-me e tento aprender a conviver com todos. Na tentativa de continuar, comprei uma mochila. Quando tenho que sair, coloco todos ali dentro e levo comigo. Evito apresentá-los, eles sempre acham mais um e querem trazer para casa.
Eu, por minha vez, só consigo pensar em um café quente, forte e acompanhado de um instante de silêncio. Adoro essas horas! É quando a minha esperança sai do esconderijo, sorri seu mais belo sorriso e sussurra ai sair no calor da bebida: "aguente firme, eles não vão te derrotar".... 

Ah, como é doce meu café amargo...."

(texto de novembro/2013)

domingo, 6 de abril de 2014

Amar é mais do que dizer “eu te amo”, é fazer uma alteração na Wikipédia.


Pensei em escrever um poema, cheio de rimas e de formas. Queria tentar falar tua língua e assim, coloquei as palavras no papel. Inverti a ordem, procurei sinônimos e desesperei-me ao ver que nada se encaixava.


Quando estava prestes a desistir, lembrei-me que são as nossas diferenças que nos aproximam. Eu literalmente sou verborrágica demais para a forma clássica de escrita. Você, por sua vez, torna os versos uma obra de arte.


Funcionamos mais ou menos assim: quando eu padronizo e racionalizo, você me manda parar de estragar teus devaneios. Você se fixa no romântico, eu destruo teus castelos de areia. Eu contemplo teu rosto enquanto você ri e diz que meu sorriso é ridículo.



Eu afasto teus fantasmas, você me faz dançar com os meus. Você foge do conservadorismo, eu te apresento à loucura de saborear as emoções. Eu digo que gosto de velocidade, você se declara descoordenado. Você acelera, eu fecho os olhos.

Você me encontrou, eu te descobri. Eu acredito nos astros, você em Deus. Você reclama da cebola, eu te beijo. Eu dou risada do seu jeito atrapalhado, você se encanta com minha desenvoltura.

Eu reclamo que não consigo dormir e você me faz adormecer nos teus braços. Você diz que precisa descansar, eu te desperto. Eu sou tempestade, você é brisa. Você me toca, eu me entrego.

Você é razão, eu compreensão. Eu sou curiosidade, você atiça. Você brinca, eu entro no jogo. Eu me assusto, você me acalma. Você se enrosga, eu confio. Eu provoco, você sorri. Você sente ciúmes, eu me desarmo.

Eu te chamo de besta, você gargalha e me chama de delícia. Você adora meu nome, eu não consigo pronunciar o seu. Eu gosto das tuas mãos, você ouve meu coração. Eu de chamo e você responde.

Você não vai dizer que me ama, vai alterar a Wikipédia para me fazer sorrir e eu vou abrir a janela para te ver voar.


Esse é nosso jeito de fazer amor, você descobrindo que consegue entrelaçar os pés e eu admitindo que posso me acostumar. Porque quando você se afasta, eu viro saudade.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Tempo de Sorrir

Após anos sem passar por aqui, hoje resolvi recomeçar a publicar meus devaneios. Porém de uma forma um tanto especial...

Pediram-me para escrever sobre mim e na hora eu pensei: "poxa, tudo o que eu escrevo é sobre mim, não?!"

Então, após ponderar e pensar muito sobre isso, o resultado não poderia ser nada além de um grande devaneio, o qual divido com todos e espero que gostem.

Antes, comunico que as publicações vão voltar a ser constantes, vou separar alguns escritos não publicados para colocar aqui e escrever muitos outros. Afinal, a vida não é nada além de uma grande viagem dentro de nossas próprias mentes!

TEMPO DE SORRIR

Falar de mim não é nada fácil, podem acreditar. Descrever a "Paty" em palavras é uma tarefa complicada para mim, mais que complicada, confusa. Para quem convive comigo isso pode soar estranho, já que falo pelos cotovelos, brinco, choro, enfim, parece que estou sempre colocando tudo para fora. 

A verdade é que tenho facilidade em falar sobre as coisas que sinto, mas não consigo me definir. E tenho certeza de que vai ser cada vez mais difícil fazer isso, uma vez que, eu sou a soma de tudo o que vivi e de tudo que ainda vou viver. Estarei sempre em construção, serei sempre o fruto de uma revolução interna, ininterrupta e definir será sempre como tentar entrar em terreno desconhecido.

Posso dizer em que estágio estou, descrever como me sinto nesse momento. E posso dividir com todos cada uma das minhas emoções e das minhas sensações deste momento, fazendo com que entendam, talvez não o que sou, mas como estou. 

E nesse momento estou sorrindo...

Por favor não confundam, ou, pelo menos não limitem meu sorriso à palavra "felicidade". A vida não anda nada fácil, existem dias em que as coisas ficam pesadas demais, cansativas demais e ainda existem horas em que só consigo pensar em sentar e desistir. Mas, mesmo assim, o sorriso está aqui.

O que estou querendo dizer é que ganhei um sorriso inerente. Independente e cheio de vontades. Ele não solucionou meus problemas, não resolveu meus dilemas ou afastou meus fantasmas. Não, ele não fez nada disso e talvez nem venha a fazer, mas essa nem mesmo é a função dele!

Resolver minha vida, aprender com meus erros, fazer novas escolhas esperando que elas sejam as escolhas certas, espantar os fantasmas e dar um passo de cada vez é uma tarefa pessoal e cabe unicamente a mim fazer isso. Ao meu sorriso cabe estar aqui, no lugar dele, iluminando meu caminho e me mostrando que ainda existe beleza, mesmo que tudo indique o contrário.

Hoje estou sorrindo porque cometi tantos erros que agora posso distinguir o certo do errado. Estou sorrindo porque já me iludi tantas vezes que não perco mais tempo planejando vidas, posso no máximo planejar um fim de semana. Estou a sorrir porque faz bem, me dá coragem para enfrentar o mundo lá fora e porque suaviza o mundo aqui dentro.

Eu poderia reclamar das coisas que não deram certo, da demora em conseguir resolver os problemas, dos amores não correspondidos, da saudade que corta meu peito cada vez que penso no meu filho. Poderia dizer que as coisas não estão como deveriam estar, não se encaminharam como eu esperava e que a frustração bate de tempos em tempos.

Mas não vou fazer isso. Hoje vou dizer apenas que estou sorrindo porque meu sorriso me mostrou que sendo ridiculamente autêntica, posso conquistar outro sorriso.

Esse sorriso bobo me acompanha porque descobri que intensidade pode ser compartilhada, que surpreender-me com pequenas coisas é maravilhoso e que ter as barreiras invadidas pode ser reconfortante.

Meu sorriso é a prova de que ter esperança não é criar expectativas e que poder respirar pode ser o impulso para muitas primeiras vezes, pois abraços protegem não sufocam. Pés se enroscam e se procuram, pernas tremem, coração acelera, estupidez vira piada e fazer piada de si é brincadeira de adultos que voltam a ser criança juntos.

É tempo de sorrir, porque não precisei perder nada do que tenho em mim. Posso continuar sendo o misto de força e fraqueza, de euforia e nostalgia. Posso ter medos tolos, coragens absurdas, ouvir todas as músicas que gosto, ler todos os poemas que me encantam e posso absorver o novo, sem desfazer-me daquilo que me fez ser o que sou ... até aqui.

Estou sorrindo porque pequenas atitudes, são constatações gigantescas, porque cumplicidade e verdade valem infinitamente mais do que um "eu te amo" automático e vazio.

Hoje meu sorriso me ensinou que eu não amo, eu gosto e eu gosto de ser gostada!


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Espaço de Um Beijo


É sabido que a poesia encontra-se dentre minhas paixões. Acredito que por eu gostar tanto de música, filmes, literatura, poesia e afins, de quando em quando, os céus me guiam ao encontro de 'anjos caidos' e assim, tenho a maravilhosa oportunidade de encantar-me com uma sensibilidade hoje pouco conhecida ...

Se o grande Carlos Drummond de Andrade disse:
"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar."

O Anjo que encontrei presenteou-me com:

"O negro espaço vazio que separa os amantes
E o tempo perdido que os corações distancia
Faz com que nada nunca seja como foi antes
Enquanto dilacera dos pobres a carne macia

E estes vácuos que dividem os seus toques
Muitos pequenos nadas nas suas longas vidas
Formam as fundas cicatrizes que a reboque
Terão sempre que carregar pois não há saída

Essa dor que dói insuportavelmente dolorida
E que os faz por vezes preferir passar um aleijo
Ou ainda ser ferido na face por fatal ferida
É a medida mais precisa do espaço de um beijo"
(M.N.)