terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Espaço de Um Beijo


É sabido que a poesia encontra-se dentre minhas paixões. Acredito que por eu gostar tanto de música, filmes, literatura, poesia e afins, de quando em quando, os céus me guiam ao encontro de 'anjos caidos' e assim, tenho a maravilhosa oportunidade de encantar-me com uma sensibilidade hoje pouco conhecida ...

Se o grande Carlos Drummond de Andrade disse:
"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar."

O Anjo que encontrei presenteou-me com:

"O negro espaço vazio que separa os amantes
E o tempo perdido que os corações distancia
Faz com que nada nunca seja como foi antes
Enquanto dilacera dos pobres a carne macia

E estes vácuos que dividem os seus toques
Muitos pequenos nadas nas suas longas vidas
Formam as fundas cicatrizes que a reboque
Terão sempre que carregar pois não há saída

Essa dor que dói insuportavelmente dolorida
E que os faz por vezes preferir passar um aleijo
Ou ainda ser ferido na face por fatal ferida
É a medida mais precisa do espaço de um beijo"
(M.N.)




terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Colorido ou em tons de cinza?!


Anda chovendo muito por aqui. Não gosto de chuva, chuva me deixa melancólica e a melancolia não me faz bem.

Arrumo a casa, ascendo um insenso, ouço minhas músicas antigas, me afofo nos travesseiros e fico em ‘standby’. É uma sensação ambígua, uma linha tênue entre a paz e a insanidade total.

Estou sempre observando as pessoas, o modo como agem e como se movimentam, mas não gosto de se ser observada. Já senti vergonha da minha pele saudável e por ter ficado chateada com as marcas do sol, ao perceber uma adolescente me observando. Ela tinha o colo marcado por cicatrizes de queimaduras e com a mão sobre as mesmas, me olhava com aqueles lindos olhos verdes e uma expressão dolorida de “porque eu”.

Quando chove, paro de observar os outros, esqueço o mundo a minha volta. O barulho da água caindo me faz dispensar os fones de ouvido e assim, deixo de lado o mundo exterior, começo a observar os meus próprios “porquês”.

Por vezes, acho que meus problemas não terão solução. Mas quando olho bem de perto e quando paro e penso em tudo o que vejo, sinto-me envergonhada. Tenho vergonha de sair de casa com preguiça e deparar-me com a linda menina desfigurada enfrentando dia após dia a missão de se reinventar, ou com a pequena loira sem mãos que toda manhã vai sorridente para seu trabalho, mesmo com todas as dificuldades, com a chuva, com o ônibus lotado e com todos aqueles olhares de pena ao seu redor.
Dias chuvosos me deixam melancólica e a melancolia não me faz bem. Penso em tudo o que já fui e em tudo o que ainda quero ser. Penso em como é fácil satisfazer aos outros, mas também vejo o quanto é difícil satisfazer meus sonhos mais sutis.


A chuva lava minha alma e leva as cores que usei para enfeitar o que me desagrada, no fim só resta uma imensidão de tons de cinza e a certeza de que o amanhã é uma gigantesca caixa de lápis de cor. Cabe a mim escolher que cores usar desta vez...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

C'est la vie!!


Conheci um poeta que não era poeta,
Mas suas rimas me fizeram sorrir.
Conheci um poeta que não era poeta,
No entando ele conseguiu me fazer sentir...

O meu poeta é um homem comum,
Que de comum não tem nada.
Vindo de lugar algum,
Em meu pensamento esta fazendo morada.


terça-feira, 24 de agosto de 2010

Diazinho macabro!

Ontem cheguei ao ápice da minha jornada no “morro”. Caíram por terra todas as minhas teorias, ou melhor, todas as minhas fantasias, sobre segurança e liberdade...

Para quem não sabe, estou morando em Florianópolis já faz quase 2 meses, cheguei sem conhecer quase ninguém, apenas alguns parentes e poucos amigos. Sortuda que sou (de vez em quando), em apenas uma semana estava empregada... uffa, uma preocupação a menos! Será?!

Após acertado o emprego, começou minha peregrinação por moradia. Eu estava morando temporariamente com uma amiga e o irmão dela, e, por mais gentis que eles tenham sido (e foram), precisava do meu espaço. Como eu não conhecia a cidade acreditei que ali era um bom lugar, afinal, pertinho do centro, fácil acesso aos ônibus para o serviço (nem tão fácil assim para quem não estava acostumada a caminhar um pouquinho), no meio do caminho entre o trabalho e o lazer... perfect!

Eu queria algo que ficasse perto da amiga, para não perder a companhia, que tivesse fácil acesso ao ônibus para o serviço e que fosse, é óbvio, uma região ‘segura’ (hoje sei que isso não existe). Depois de muito procurar, já sem muita paciência porque sou daquelas que gosta de resolver tudo para ontem, acabei locando um apartamento na rua de cima da casa da minha amiga. Ok... é uma avenida movimentada, quase todos os ônibus passam na frente, o lugar é bem arejado, claro, tem uma boa vista, móveis razoáveis e depois de uma bela faxina ... ficou bom...

Não levei em conta que do outro lado da avenida, fica nada mais nada menos do que um dos morros mais perigosos da cidade, pelo menos é o que quem conhece me diz ... E como eu respondo?: “Capaz gente, o morro é do outro lado, só tem uma ruazinha que preciso atravessar, isso pra cortar caminho, os ‘manos’ nem vão me ver ... além disso, é em cima da padaria, sabe aquela que tem deliciosos sonhos, rocamboles e uma coxinha de camarãooo? Hummm e tudo baratinho ainda!” E nessas eu fui, feliz e contente, interiorana, achando que o mundo ainda era o mesmo daqueles velhos tempos, em que eu adorava os passeios com meu pai, pelos bairros das cidades em que moramos...

Exatas 2 semanas e eu quero fugir, sumir daquele lugar, me esconder em baixo da cama da minha mãe!!!!

Explico...

Segunda-feira... saio cedo do serviço, um dia lindo, 20°, ótimo para uma caminhada. Animada, desci do ônibus, 14h15min, fones de ouvido com minhas músicas antigas, caminhando rumo ao meu “cafofo no morro” (brincadeira sem graça de um amigo), pensando em tomar um banho, descer para o centro, olhar um apartamento para um amigo e ir à praia dos ingleses para o passeio que aquele dia de sol exigia...

Como de costume, cortei caminho pela bendita ruazinha. Imaginem a minha surpresa quando chego ao meio do caminho e vejo a rua tapada de carros da polícia, aquelas fitas limitando a passagem e aquele monte de gente aglomerada?!!! Ingenuamente pensei: “deve ter dado briga ou acidente”, andei mais um pouco e vi o camburão do Instituto Médico Legal chegando pelo outro lado.

Olhei para os lados, pensei em voltar, mas ia acabar andando um monte e chegando ali do outro lado da muvuca mesmo. Então andei mais um pouco para perto daquele monte de gente, uma criançada correndo, cachorro solto, as mulheres com os filhos, (Deus que me perdoe, mas só faltava puxarem as cadeiras e o chimarrão!) ”bom, não deve ser nada sério”... Tirei os fones de ouvido e comecei a ouvir os comentários: “apagaram o fulano ali...” simples, como se isso fosse a coisa mais natural da face da terra.

Gente!!! Tinha sangue para todo o lado, o pessoal da polícia de luvas sujas de sangue inspecionando o local... segurem as crianças, digam que não é coisa para elas olharem, tirem o cachorro de cima do morto por gentileza, abram caminho, não ajam como se isso fosse um espetáculo!

E foi justamente isso que me deixou zonza, as pessoas daquele lugar estão tão acostumadas com a violência que para elas aquilo se tornou um espetáculo. Não foi a morte que me abalou, foi ver crianças pequenas correndo pra olhar, os cachorros cheirando, as pessoas rindo, aquele ‘zunzunzun’ sobre quem era e porque aconteceu ... O que me entristeceu foi à falta de compaixão humana, afinal, tinha uma pessoa ali, jogada na calçada feito um saco de sangue e ossos e mesmo que ele fosse um ‘bandido’, demonstrar que a morte, a violência e o caos do mundo, não abalaram a humanidade dos corações é o mínimo que se espera.

A misericórdia e o respeito pela vida deram lugar à banalidade e hoje a vida já não vale nada. Que mundo é esse, onde uma pessoa morta a tiros no meio de uma rua residencial vira atração? Cadê o tempo em que as mães zelosas iriam correr para tirar seus filhos de perto, seguram o cachorro, correr para dentro de casa? Devo estar fora do tempo mesmo, devo ter pego uma estrela errada e parado no mundo errado, não é possível!!!

Pior de tudo é que para tentar aliviar a pressão, cheguei em casa, tomei um banho correndo e fui para a praia... o sol já tinha ido embora, mas eu ainda queria dar uma caminhada para arejar um pouco... Bom foi chegar perto de uma vila de pescadores e me deparar com um cheiro horrível e ao olhar para o lado, ver um monte de pingüins mortos... Eles devem ter vindo presos nas redes... ai pensei... “Puta que pariu, podiam enterrar os bichinhos e não deixar eles jogados ai em cova rasa!”

É, terminei o dia vendo pingüins mortos e o homem do morro, todos na mesma cova rasa da hipocrisia humana, que evolui para trás e que comemora a ignorância. Não é de se admirar que daqui a alguns anos, estejamos morando em ‘cavernas hiper modernas’ e brincando de tiro ao algo com quem passa na rua...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Para não dizer que eu não falei do assunto...

     

         Estamos em ano eleitoral (mais uma vez), minha revolta já começa ai... de 2 em 2 anos é essa “bagunça”. Eu sei, eu sei, vai parecer que estou ‘cuspindo no prato que comi’, mas eu explico.  
         Depois de atuar na área política por quase 3 anos, mais especificamente na parte de marketing pessoal, trabalhos legislativos, desenvolvimento de projetos visando a elevação do índice de aprovação pela população e organização de gabinete, parei de olhar de fora para dentro e comecei a ver de dentro para fora.
        Foi uma verdadeira revelação! Sempre fui meio utópica, achando que poderiam existir pessoas realmente comprometidas e tudo mais... hoje porém, tenho reforçada a idéia de que todo mundo tem um preço. E não estou falando apenas em dinheiro, por incrível que pareça, esse, às vezes, é só conseqüência. O verdadeiro valor esta no que o ego deseja, no que o íntimo suplica e no que o inconsciente comanda.
        Depois de campanhas muito bem elaboradas (defendendo meu peixe, a publicidade tornou-se ferramenta fundamental e eficiente), os felizardos eleitos ou reeleitos partem para a ‘jornada legislativa’... Senhor! Poucos têm a noção exata de tudo o que está envolvido nisso, principalmente de ‘quem’ esta envolvido nisso.
        Hoje não vou me prender em dizer o que a população já está cansada de saber... Que política é coisa séria, que devemos estudar a história e os princípios dos candidatos, que é fundamental eleger ‘homens de bem’, que é obrigação do eleitorado mudar a cara do político brasileiro através do conhecimento, da cobrança e da participação ... blá, blá, blá, blá...
         Hoje faço um pedido e mesmo sabendo que não será levado em consideração, gostaria que no mínimo fosse analisado. Gostaria de pedir para que cada político eleito, cada legislador, cada membro do executivo, cada um desses tantos, ao comemorar a vitória e começar a percorrer o caminho do mandato, não esqueça que a população é o alvo de seu trabalho e de seu comprometimento. Mas que lembre-se, principalmente, que esse trabalho só é possível porque existe muita gente envolvida diretamente nele.
        Contratar uma assessoria competente e qualificada, por exemplo, seria o inicio da verdadeira revolução. Pois mesmo o político mais ‘certinho’, enche a boca para falar em coerência, em honestidade e  em comprometimento e  por outro lado, mantém uma assessoria com base no “rabo preso” (me perdoem o palavreado). Bom, isso para mim é no mínimo hipocrisia e o resultado  se vê na falta de organização e competência, nos problemas do dia-a-dia que depois tendem a ser resolvidos na ameaça: “ou melhora, ou vai todo mundo pra rua”. Quem deveria ser demitido é o político que já começou seu trabalho com base podre e depois ainda quer conquistar palanques!
        Para finalizar, pelo amor de Deus, alguém pode explicar para  políticos e assessores, que eleição vai e vem... funcionalismo público, concursado e na grande maioria muito bem qualificado, fica.... Um pouco de humildade e respeito não faz mal a ninguém e também conquista votos. Que tal em vez de invadir as repartições públicas de eleição em eleição, achando que são os donos do mundo, detentores absolutos do conhecimento, essa ‘gente nova’, parasse e ouvisse só um pouquinho. Que tal um “por favor”, um “muito obrigada” e um “que bom poder contar com você” de vez em quando?!
       É, definitivamente, fala-se em conquistar eleitorado e esquece-se do básico... a conquista começa em casa, a força vem de dentro e sem respeito e qualificação dos seus e pelos seus, a política vira politicagem e mesmo o melhor candidato, vai descobrir o preço do seu ego e se tornar mais um na multidão.
        Boa campanha a todos, ou, a quem conseguir!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Vem de repente um anjo triste perto de mim ...


    É meu amigo, nos encontramos em uma das tantas curvas da vida... infelizmente uma curva perigosa demais para nós dois... e tão repentino quanto nosso encontro, foi nosso desencontro!
    Amizade estilo paixão, dessas que chega, arrebata, machuca e se esvai, deixando suas marcas pelo caminho. Uma história de risos, de lágrimas, de guerras, de vitórias, de derrotas, mas acima de tudo, de ensinamentos.
     Nosso encontro foi breve, mas suas marcas serão eternas.
     Em mim fica a certeza de que nada é por acaso, de que certas pessoas se merecem para toda a vida e de que outras tantas nasceram como chama, para breves encontros... um elo com a duração de um instante e  a intensidade de uma vida.
     Aprendemos um com o outro, crescemos um com o outro e da mesma maneira que carrego comigo essa lição, espero que tenha levado contigo, um pouco dessa louca história de amor e ódio, que fez com que "limpássemos nossos armários", dando-me a força necessária para encarar minha vida com mais firmeza e coragem.
     Vai... na certeza de que mesmo sem despedida, espero que encontres o caminho do bem e da alegria. Leva contigo meu muito obrigada, por tudo o que vivemos e o meu desejo de que teu coração e tua alma descansem na verdadeira paz.
     Adeus meu amigo, até algum dia ....
"Quando o sol bater,
na janela do teu quarto,
lembra e vê, 
que o caminho é um só"...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Cheguei ...



Pois é, cheguei ...
Aqui tudo é lindo, paisagens que parecem saidas de páginas de livros fotográficos (e um guia mara - rsrsrs)

Estou feliz, tentando me reorganizar, aprendendo a me localizar, correndo atrás das minhas coisas, revendo amigos, conheçendo pessoas e acima de tudo, ao lado de quem eu gosto ...

Não há muito o que dizer, pois no momento só consigo sentir ... do frio na barriga por estar diante do novo, à felicidade de estar aqui, correndo atrás dos meus sonhos ...

Existem coisas que não têm preço, essa sensação de liberdade é uma delas. A liberdade de viver conforme os desejos mais íntimos.

Saudade dos amigos verdadeiros, mas a certeza de que logo nos encontraremos novamente ... enquanto isso, vou colocando umas fotinhos por aqui ....


segunda-feira, 28 de junho de 2010

Romantismo Efêmero

Senhor, para o mundo para eu descer!!!
Amor, paixão, vidas unidas, sonhos entrelaçados, a eternidade de uma vida à dois e blá, blá, blá ...
Creio que sofro de um romantismo efêmero, acho lindas as histórias de amor dos filmes... sonho com um amor de cinema, desses que vencem qualquer obstáculo, amores que vivem de amores e nada mais... no dia seguinte a realidade cai na minha cabeça e já não consigo ver as coisas com tanta intensidade.
Ainda existen dias em que eu adoraria me apaixonar perdidamente, desejar levar uma vida ao lado de alguém, constituir família, essas coisas... mas quando paro para pensar nos detalhes que isso envolve, entro em pânico. O pior de tudo isso é perceber que esse meu medo de fazer a coisa errada e de não ser boa o suficiente é justamente o que me afasta de tudo.
Medos à parte, me considero uma pessoa super difícil, com conceitos firmes demais e quero uma pessoa
ao meu lado, que esteja disposta a viver uma história de verdade, talvés sem o romantismo dos filmes, mas com a cumplicidade, verdade e honestidade que a vida real exige. Sabe aquela pessoa parceira, com quem você consegue passar horas conversando, que te faz rir em momentos difíceis, que te dá força, que te apoia sem cobranças exageradas, que segura tua mão, que te dá um abraço tão grande que faz o mundo sumir e que ao mesmo tempo te permite fazer o mesmo? Pois bem, é um amor assim que eu procuro...
Quero a tranquilidade de um amor amigo, do carinho mútuo, da calmaria que permite aos poucos descobrir o quanto essa pessoa é importante e que quando menos se percebe ... é amor ... e a vida a dois já se fez e os sonhos já se entrelaçaram e talvés ai sim, seja para a vida inteira ...
É, já não sei se meu romantismo é efêmero ou efemera é minha vontade de que assim seja ... apenas não quero ficar batendo cabeça e sofrendo com desilusões e ilusões...Vou descobrir isso aos poucos e minha mudança tem esse objetivo, o de me permitir e de aprender.
Preciso aprender a estar só e  fazer com que minha própria compania sirva como estímulo para uma vida nova, em um lugar novo e a mudança será perfeita para isso. No mais, acho que só preciso me permitir sentir as coisas sem me preocupar tanto com certo e errado...

domingo, 27 de junho de 2010

"... eu já não sei bem aonde vou, mas agora eu vou..."



Viagem insólita...

Ontem fomos a convenção do partido em Porto Alegre. Na minha opinião um dia completamente perdido, cinco horas de ida, cinco horas de volta... chegamos atrasados, evento em andamento, mais de cinco mil pessoas, uma confusão, os mesmos rostos nos telões e os mesmos discursos no microfone... Partidariamente falando, reconheço que o encontro foi excelente, o número de participantes demonstra a união e a força do grupo, mas pessoalmente foi um evento que não acrescentou nada.
Evento à parte e falando das mais de dez horas dentro do ônibus... esquecendo o calor, a demora e as conversas totalmente dispensáveis dos meus "companheiros", dou um salve aos fones de ouvido! Passei ouvindo música, de vez enquando parava um pouco, respondia quando um ou outro me chamava, aproveitava as paradas para o cigarro, mas minha cabeça... ah essa estava totalmente absorta na música, nas letras e nas melodias...
Devo ter uma alma melancólica mesmo, porque prezo acima de tudo a poesia, a riqueza de uma letra bem escrita e de um português bem empregado... a maioria das músicas que ouvi no percurso eram da Ana Carolina... haverá quem não concorde, mas ôh mulher de voz linda e penetrante. Para completar, músicas muito bem arranjadas, com letras que encantam a todos que encaram uma certa nostalgia.
Como estou em um momento de grandes mudanças, atendendo a desejos pessoais e profissionais, além de andar com o coração sofrendo com a incerteza de um sentimento que nem eu sei bem o que é, as músicas eram como canções de ninar para minhas angústias. Ok! sei que são letras românticas, com as quais a maioria das pessoas apaixonadas e não correspondidas gritaria de vontade de 'cortar os pulsos', mas eu me acalmo, me delicio no meu próprio sofrimento, sinto com cada poro, com cada batida do meu coração,  saboreando todos os meus sentimentos... 
Podem me chamar de maluca, aliás, dizem que sou meio sádica por gostar de ouvir essas músicas quando estou triste. Mas a verdade é que quando estou triste, curto minha tristeza, assim como quando estou feliz, curto minha felicidade ouvindo músicas mais 'alegres'... Mas afinal, porque ouvir música alegre só porque se está triste, para que espantar a tristeza?! Ela é um sentimento como qualquer outro, que deve ser vivido, deve ser sentido para que possamos 'ouvir' o que ela tem a nos dizer, a nos ensinar... Não existe essa de música alegre para quando se está feliz e música não alegre para quando se está triste ... há apenas música ... ouçamos o que os nossos corações pedem e o que nossa alma deseja! Ontem ouvi música, boa música e junto com ela ouvi meu coração e meus desejos. Me ouvi por inteira, pensei na minha mudança e em tudo o que estou deixando para trás, em meus sonhos e nas esperanças que carrego comigo nessa nova jornada. Confesso que não sei bem o que me espera, mas vou com a felicidade de quem sabe que é o certo a fazer ... de resto ... a música que me acompanha ...

sábado, 26 de junho de 2010

Testemunha dos seus erros e acertos...



Sempre achei que devido ao fato de meu passado ser responsável pelo que sou hoje (seja bom ou seja ruim), deveria mantê-lo em uma linha paralela, em uma lembrança constante de erros e acertos, de exemplos à seguir ou à condenar. Por um tempo, enquanto a vida era simples e tranquila isso funcionou, mas meus sonhos se modificaram, meus anseios aumentaram, tudo ficou mais maduro, mais complexo e mais complicado... Já não esta me fazendo bem ter o passado tão presente, ele já não é tão agradável nem tão leve, as marcas dos erros estão interferindo na realização de novos acertos, ou quem sabe, de novos erros...


Algum tempo atrás, minha irmã caçula em um depoimento escreveu: “A Patrícia... ela é testemunha dos seus erros e acertos...”, achei lindo, principalmente porque era a caçula escrevendo, mas na época não percebi o quão verdadeiro isso era! Não só para mim, mas para todos, pois somos todos testemunhas de nossos erros e de nossos acertos, todos erramos e acertamos muito no decorrer da vida e nem por isso devemos ficar nos martirizando ou sofrendo em vão pelo ‘leite derramado’. O segredo é absorvermos as coisas boas, aprendermos com as más e seguirmos adiante.


Já ouvi incontáveis vezes: “Patrícia desocupa o armário; Patrícia joga as caixas foras; Patrícia te desliga do passado... limpa a alma... te abre para o novo...” Acho que essa pode ser a receita, afinal, vivo em crise e indo de altos à baixos, em vezes sonho, em outras desisto. Choro e dou risada, canto e danço, representando ou não... Sou assim, uma eterna mutação, uma filha da esperança, que um dia diz: é isto, é assim que quero ser, é assim que vou ficar! Mas no outro instante eu mudo, intatisfeita, me reinvento e sigo nesse espetáculo que é minha vida ...


Então creio que esta na hora de fazer como o poeta um dia escreveu, parar de correr atrás das borboletas e cuidar do próprio jardim. Esta na hora de parar de dizer: ‘sou assim por causa disso ou daquilo’ e começar a dizer: ‘sou isso ou sou aquilo’... apenas sou, mas sou de verdade, por inteiro, de corpo e alma. Já não importa como me tornei e sim o que me tornei, não interessa o que a vida fez comigo, mas o que vou fazer com ela de agora em diante.


A maioria destas conclusões podem parecer clichês de romances e poemas, mas nem por isso deixam de fazer sentido, aliás, nelas encontrei a verdadeira beleza da mudança e do entendimento. Finalmente sou eu me vendo de dentro para fora e tomando as rédeas da minha vida... não sei onde me perdi, mas começo a saber como vou me encontrar...