domingo, 6 de abril de 2014

Amar é mais do que dizer “eu te amo”, é fazer uma alteração na Wikipédia.


Pensei em escrever um poema, cheio de rimas e de formas. Queria tentar falar tua língua e assim, coloquei as palavras no papel. Inverti a ordem, procurei sinônimos e desesperei-me ao ver que nada se encaixava.


Quando estava prestes a desistir, lembrei-me que são as nossas diferenças que nos aproximam. Eu literalmente sou verborrágica demais para a forma clássica de escrita. Você, por sua vez, torna os versos uma obra de arte.


Funcionamos mais ou menos assim: quando eu padronizo e racionalizo, você me manda parar de estragar teus devaneios. Você se fixa no romântico, eu destruo teus castelos de areia. Eu contemplo teu rosto enquanto você ri e diz que meu sorriso é ridículo.



Eu afasto teus fantasmas, você me faz dançar com os meus. Você foge do conservadorismo, eu te apresento à loucura de saborear as emoções. Eu digo que gosto de velocidade, você se declara descoordenado. Você acelera, eu fecho os olhos.

Você me encontrou, eu te descobri. Eu acredito nos astros, você em Deus. Você reclama da cebola, eu te beijo. Eu dou risada do seu jeito atrapalhado, você se encanta com minha desenvoltura.

Eu reclamo que não consigo dormir e você me faz adormecer nos teus braços. Você diz que precisa descansar, eu te desperto. Eu sou tempestade, você é brisa. Você me toca, eu me entrego.

Você é razão, eu compreensão. Eu sou curiosidade, você atiça. Você brinca, eu entro no jogo. Eu me assusto, você me acalma. Você se enrosga, eu confio. Eu provoco, você sorri. Você sente ciúmes, eu me desarmo.

Eu te chamo de besta, você gargalha e me chama de delícia. Você adora meu nome, eu não consigo pronunciar o seu. Eu gosto das tuas mãos, você ouve meu coração. Eu de chamo e você responde.

Você não vai dizer que me ama, vai alterar a Wikipédia para me fazer sorrir e eu vou abrir a janela para te ver voar.


Esse é nosso jeito de fazer amor, você descobrindo que consegue entrelaçar os pés e eu admitindo que posso me acostumar. Porque quando você se afasta, eu viro saudade.

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